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sexta-feira, 26 de março de 2010

Ensaio

A BELA E A FERA

Vela,
À fúria da fera
Linda donzela.
Zela,
Pela vida destruída
No caos da guerra.


Acalenta,
O causador da dor
E da triste tormenta.
Amamenta,
O precursor
Dessa aflição violenta.


Doa,
O sumo de teu solo,
Sacia e dá teu colo.
Resiste,
A tanta agressão
Erosão e poluição.


Mas no fim, ó Terra...
Teu filho querido,
A ti declara guerra.
Esquece o valor da vida
Agride e mata
A bela chamada Terra.

quinta-feira, 25 de março de 2010

ASPIRAÇÃO DE UM LOUCO

Alguns dizem
Que sou depressivo,
Outros que sou maluco.
Você: que só quero
Chamar atenção.
Mas quem precisa
De muita atenção
São sinais de trânsito.
Eu preciso de amor
De compreensão.
Não quero calor
Aqui já faz demais.
Desejo frio,
Para a cabeça
E para o corpo.
É melhor para pensar,
É melhor para transar.
Posso ser depressivo
Devo ser maluco,
Mas não sou burro
De ficar um dia frio
Sem ter alguem
Para amar.

DIVAS DE PLÁSTICO


Nos guetos, becos e favelas
Nos valas, morros e vielas.
Baratas nas salas
Diaristas nas janelas.
Carros, prédios e cassinos
Barcos, camping e caudinos.
Ratos no colchão
Pivetes assassinos.
Nas ruas, lojas e terminais
Em bancos, shows e marginais.
Filas pela vida,
Incluindo em hospitais.
Mordomo, porteiro, motorista,
Babá, cozinheira e balconista
Gente pequena,
Para quem é egoísta.
Na Harrods, Armani, não importa!
Meu consumo antes de tudo,
Mesmo com a Terra morta,
Mas, meu botox na cara torta.

O SUAVE CANTO DO PATATIVA




Cum a benção do nosso Sinhô
Ainda mi alembro seu dotô
Do tempo di minha mocidade,
Antes di mudá cá pa cidade
Antes mermo do sol raiá,
Tirava os gado do currá
Dez cabeça era o qui eu tinha
E tamém cinco cabrinha
Pa mode eu pudê trabaiá.
Lá, cum chuva, si prantano, tudo dá.


Mais a vida do sertanejo é sufrida
Si farta chuva, trabai e cumida,
Sua única saída é ter qui si mudá.
Lá distante, sua terra dexá,
E vim sofrê nas banda da capitá,
Chega aqui vai mora na favela
Sem ter nem o fejão na panela
Ele só pensa pa sua terra vortá.
Cum honestidade, dexá cá a cidade
Pru quê homi qui é homi num sabe robá.


Mais nosso Sinhô é bondoso,
Incrontei um homi caridoso
Qui mi arranjo oni trabaiá
Eu faço massa de cimento
Pa mode os prédio alevantá
Mais o céu já ta cinzento
E pa todo meu trumento,
A chuva vem me atrapaiá.
Pois fazer parede chuveno
Os prédio pode disabá


Intão, vorto pa casa cedo
Rezano, cum muito medo
Di vê o barraco inundá,
Pois nem mermo sei nadá.
Na cidade é tudo diferente
A chuva num dexa contente
Quem precisa trabaiá
Encho os meu zoio d’água
E o coração cum muita mágua
Di num pudê pru sertão vortá.

(Homenagem a Antônio Gonçalves da Silva, o Patati-va do Assaré)

O CAMINHO DAS ÁGUAS


Ela sustenta a vida
Por isso me é querida
Ela sobe,
Ela desce
Vai por onde quiser
Estando onde estiver
No íntimo da terra,
Ou pairando no céu
Voa, mesmo sem asas
Em enchentes
Invade casas
Em temporais
Derruba barracos
Esconde buracos.

Escorrendo
Fio abaixo
Parece tão sensível
Na descida diagonal
Buscando
Um ponto final,
Parecendo
Ponta de cristal.
Animal,
Vegetal
Mineral
Para todos
No final
É essencial.

Mais poderoso
Que fogo
Morro acima
É a água
Morro abaixo
Constituiu na terra
Sem guerra
Seu império
Com força, sem forma
Provida de mistério
No ar
Ou no mar
Está sempre
A me encantar

Em pequenas gotas
Chamadas de orvalho
Ou em correntes
Derrubando um carvalho
É, contudo
Espetacular
Mesmo estando parada
Busca eternamente
Um lugar
Como a mim
Ela está sempre
Tentando se encontrar
Por isso que ela
Só corre pro mar

De quem é a culpa
De ela alagar
A Beira-mar
Ou desabrigar
O Lagamar?
Dela que cai
Para alegrar
O sertão do Ceará?
Ou de quem não sabe
Preservar?

É PROIBIDO FUMAR*


É proibido fumar, diz o aviso que li
É proibido fumar, índio é permitido queimar
Este é o exemplo que Brasília nos dá
Querem paz, mas estão querendo um índio fumar.

Vivo numa grande ilha
Chamada Brasília
Cheio de assassinos
Que mataram minha filha.

É proibido fumar, diz o aviso que li
É proibido fumar, mata é permitido queimar
Este é o exemplo que Brasília nos dá
Querem paz, mas estão querendo o índio matar

Ordem e Progresso
Esse é o nosso lema
Mas, a Desordem e Regresso
É causado pela gema.

QUEM SOMOS

Vivemos hoje como viviam os titãs
Que devoravam os seus filhos,
E à noite, comiam suas irmãs.
Estamos sob mira de gatilhos
Exalando sempre idéias vãs,
Morrendo ainda sobre trilhos.

Vivemos sem qualquer esperança
Ela foi a primeira a morrer
Somos dependentes como criança
Que engraxa para sobreviver
Não merecemos nenhuma confiança
Pois na estufa vamos padecer.

Procure fazer a mudança,
Traga vida, traga esperança
Faça reviver o sonho de criança.

TERAPIA DA FALÁCIA

Sou isso, sou aquilo
Falam tanto de mim,
Que acho que não sei
Mais quem eu sou
Falam de tudo a todos.
Mas, só sou o que digo,
A verdade nua e crua.
Sou ódio aos poderosos,
Que digerem a todos nós.

Sou isso, sou aquilo
Dependendo da situação
É como o preço do pãozinho
Que sobe conforme a inflação

Sou isso, sou aquilo
Sem motivo ou razão
Sou um dedo-duro
Porque apontei os covardes.
Não sei tocar guitarra,
Enfim, sou todo mundo.
No fim, não sou ninguém.
Sou tudo o que disserem de mim
Só não sou como eles, enfim.

HERDEIROS DO ÓPIO


Nossos ideais estão
Perdidos nas esquinas
As meninas estão
Fugindo de casa
Minha filha tambem quer.
“Mas não faça isso, baby,
Seu pai vai chorar,
Sua mãe se desesperar.”

Não queira se perverter
Nas esquinas suicidas,
Da Cidade corrompida
Do Estado assustado pelo medo.
Eu sou do tempo que crianças
Tinham medo de agulhas,
Agora todas estão
Com seringas nas mãos
“Seu pai vai chorar,
Sua mãe se desesperar.”

Não queira se envolver
Com as noites matricidas
São tantas maldormidas.
Quando durmo tenho pesadelo.
Tínhamos tantos planos
Pra você minha filhinha,
Não nos deixe assim.
Não procure o fim!
“Seu pai vai chorar,
Sua mãe se desesperar.”

EPIDEMIA SEM

Homens sem trabalho,
Sem escola, sem dinheiro
É uma epidemia
Que nos tortura o ano inteiro
Mulheres sem liberdade,
Sem vida, sem lar
É uma epidemia
Que insiste em atacar
Crianças sem comida,
Sem saúde, sem paz.
Eu sem você.
De amar e sonhar
Ser incapaz
Políticos sem vergonha,
Sem dó e honestidade
Autoridades sem respeito,
Moral ou capacidade.

Essa é a epidemia sem
Estou na cama sem ninguém
Estou sem você para o meu bem.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Desabafo




Em estórias que invento
Para contentar meu tento
Para me dar alento,
Ou em quantas vezes tento
Buscar conhecimento,
Pois, palavras...
Palavras se perdem ao vento.

Quem sou eu

Minha foto
Funcionário público, historiador, chargista, pintor e poeta. Na verdade, aprendiz de um mundo absolutamente versátil.