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domingo, 10 de julho de 2011

DÉJÀ VU

Será que a história se repete?
Não sei, mas, fatos, certamente.
Infelizmente
A padaria espiritual
Não volta mais.
Porem, dos tempos remotos
Do Império Romano
Retoma as forças
A política do Pão e Circo.
Pobre plebe...
O trigo já rareia à sua mesa,
Mas, bolsas lhes são ofertadas.
E viva o maior espetáculo da terra!
Onde no picadeiro
O povo é atração principal.
Onde a farsa
Está mais natural do que nunca.
Nossos colossos Coliseus
Permanecerão.
Nossas arenas
Não testemunharão barbárie maior
Que as vistas por nossos olhos.
Mas não queremos ver...
Veremos o show à beira mar.
E não queremos lembrar,
De nosocômios fétidos
Que nos enojam.
Assim, não lembraremos
Do Reino de Sião.
Oh, nobre Rei!
Quão nobre é teu regalo
Um elefante branco.
Sagrado!
Mas de que nos serve, afinal?
Belo!
Mas que suga nosso suado soldo.
E assim, povo meu,
Revivemos a história.


sexta-feira, 11 de março de 2011

O troco da Dilma

CANSADO

Estou cansado de ver os mesmos lugares

De freqüentar os mesmos bares.
Da mesma angústia, da mesma esperança
Nas lutas de quem nunca alcança
Cansado de tentar subir
Cansado de ter medo de cair
Estou cansado de tanto voar
Cansado de nunca chegar ao céu,
Mas cansado deste mundo cruel.
Demasiadamente cansado de me esconder,
De ter que morrer a cada dia pra sobreviver.
Estou cansado dessa vida moribunda,
De ver falta de talento em tamanho de bunda.
Cansado de comer as mesmas comidas e pessoas.
Cansado dos chuviscos e garoas
Das mesmas drogas, das mesmas sensações,
As mesmas patologias, das mesmas convulsões,
Estou cansado de tanta asneira,
De acordar na segunda-feira.
Cansado estou muito de viver,
Porem, mais cansado de ter medo de morrer.
Estou cansado de cair e ter que levantar,
Mas, pior, estou cansando de me cansar.
Estou cansado de apanhar
Está na hora de revidar...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ensaio

A BELA E A FERA

Vela,
À fúria da fera
Linda donzela.
Zela,
Pela vida destruída
No caos da guerra.


Acalenta,
O causador da dor
E da triste tormenta.
Amamenta,
O precursor
Dessa aflição violenta.


Doa,
O sumo de teu solo,
Sacia e dá teu colo.
Resiste,
A tanta agressão
Erosão e poluição.


Mas no fim, ó Terra...
Teu filho querido,
A ti declara guerra.
Esquece o valor da vida
Agride e mata
A bela chamada Terra.

quinta-feira, 25 de março de 2010

ASPIRAÇÃO DE UM LOUCO

Alguns dizem
Que sou depressivo,
Outros que sou maluco.
Você: que só quero
Chamar atenção.
Mas quem precisa
De muita atenção
São sinais de trânsito.
Eu preciso de amor
De compreensão.
Não quero calor
Aqui já faz demais.
Desejo frio,
Para a cabeça
E para o corpo.
É melhor para pensar,
É melhor para transar.
Posso ser depressivo
Devo ser maluco,
Mas não sou burro
De ficar um dia frio
Sem ter alguem
Para amar.

DIVAS DE PLÁSTICO


Nos guetos, becos e favelas
Nos valas, morros e vielas.
Baratas nas salas
Diaristas nas janelas.
Carros, prédios e cassinos
Barcos, camping e caudinos.
Ratos no colchão
Pivetes assassinos.
Nas ruas, lojas e terminais
Em bancos, shows e marginais.
Filas pela vida,
Incluindo em hospitais.
Mordomo, porteiro, motorista,
Babá, cozinheira e balconista
Gente pequena,
Para quem é egoísta.
Na Harrods, Armani, não importa!
Meu consumo antes de tudo,
Mesmo com a Terra morta,
Mas, meu botox na cara torta.

O SUAVE CANTO DO PATATIVA




Cum a benção do nosso Sinhô
Ainda mi alembro seu dotô
Do tempo di minha mocidade,
Antes di mudá cá pa cidade
Antes mermo do sol raiá,
Tirava os gado do currá
Dez cabeça era o qui eu tinha
E tamém cinco cabrinha
Pa mode eu pudê trabaiá.
Lá, cum chuva, si prantano, tudo dá.


Mais a vida do sertanejo é sufrida
Si farta chuva, trabai e cumida,
Sua única saída é ter qui si mudá.
Lá distante, sua terra dexá,
E vim sofrê nas banda da capitá,
Chega aqui vai mora na favela
Sem ter nem o fejão na panela
Ele só pensa pa sua terra vortá.
Cum honestidade, dexá cá a cidade
Pru quê homi qui é homi num sabe robá.


Mais nosso Sinhô é bondoso,
Incrontei um homi caridoso
Qui mi arranjo oni trabaiá
Eu faço massa de cimento
Pa mode os prédio alevantá
Mais o céu já ta cinzento
E pa todo meu trumento,
A chuva vem me atrapaiá.
Pois fazer parede chuveno
Os prédio pode disabá


Intão, vorto pa casa cedo
Rezano, cum muito medo
Di vê o barraco inundá,
Pois nem mermo sei nadá.
Na cidade é tudo diferente
A chuva num dexa contente
Quem precisa trabaiá
Encho os meu zoio d’água
E o coração cum muita mágua
Di num pudê pru sertão vortá.

(Homenagem a Antônio Gonçalves da Silva, o Patati-va do Assaré)

O CAMINHO DAS ÁGUAS


Ela sustenta a vida
Por isso me é querida
Ela sobe,
Ela desce
Vai por onde quiser
Estando onde estiver
No íntimo da terra,
Ou pairando no céu
Voa, mesmo sem asas
Em enchentes
Invade casas
Em temporais
Derruba barracos
Esconde buracos.

Escorrendo
Fio abaixo
Parece tão sensível
Na descida diagonal
Buscando
Um ponto final,
Parecendo
Ponta de cristal.
Animal,
Vegetal
Mineral
Para todos
No final
É essencial.

Mais poderoso
Que fogo
Morro acima
É a água
Morro abaixo
Constituiu na terra
Sem guerra
Seu império
Com força, sem forma
Provida de mistério
No ar
Ou no mar
Está sempre
A me encantar

Em pequenas gotas
Chamadas de orvalho
Ou em correntes
Derrubando um carvalho
É, contudo
Espetacular
Mesmo estando parada
Busca eternamente
Um lugar
Como a mim
Ela está sempre
Tentando se encontrar
Por isso que ela
Só corre pro mar

De quem é a culpa
De ela alagar
A Beira-mar
Ou desabrigar
O Lagamar?
Dela que cai
Para alegrar
O sertão do Ceará?
Ou de quem não sabe
Preservar?

É PROIBIDO FUMAR*


É proibido fumar, diz o aviso que li
É proibido fumar, índio é permitido queimar
Este é o exemplo que Brasília nos dá
Querem paz, mas estão querendo um índio fumar.

Vivo numa grande ilha
Chamada Brasília
Cheio de assassinos
Que mataram minha filha.

É proibido fumar, diz o aviso que li
É proibido fumar, mata é permitido queimar
Este é o exemplo que Brasília nos dá
Querem paz, mas estão querendo o índio matar

Ordem e Progresso
Esse é o nosso lema
Mas, a Desordem e Regresso
É causado pela gema.

Quem sou eu

Minha foto
Funcionário público, historiador, chargista, pintor e poeta. Na verdade, aprendiz de um mundo absolutamente versátil.